O certo da vida
Desenho "BLESC BLOM" - Leonardo Etero |
Não gosto das horas certas, precisas,
bem ajustadas,
meio-dia, meia-noite,“te vejo às 8 às 22 às 15 horas”.
A vida não é feita de horas certas
mas de atrasos e adiantamentos –
não atrasos exatos: de 5, 10 ou 15 minutos –
de atrasos frouxos... 7, 18, 23 minutos...
Não gosto das horas certas,
elas só funcionam nos contos de fadas(“À meia-noite a carruagem vira abóbora.”),
na vida do dia a dia as horas são soltas
tudo é imprevisível:
o trânsito, o humor, o clima,
os encontros (desencontros)
(...)
e também a rima (E não é que ela
veio?!).
Tá bom, a hora certa talvez exista no
Reino Unido;
já nos outros cantos a hora certanão é a do relógio
é a hora do destino. Destino?
Ou será a hora da leveza?
Talvez seja.
Desconfio dos planos infalíveis
com prazos e termos finais,me parecem muito instáveis.
A hora certa não é
meio-dia, meia-noite; nem
“te vejo às 8 às 22 às 15 horas”.
A hora certa é aquela que tinha que ser.
A vida é feita do que tinha que ser
e não do que teria sido.Fernanda Tinoco Ramos
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