segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Brincando com fogo.

"o tempo
entre o sopro
e o apagar da vela"

Paulo Leminski




Ciranda da centelha
Instalação "devoção devoluta" + fósforos -
Leonardo Etero



Bem me lembro...
Era noite de ciranda
o povo dançava
e no calor de dezembro
a alegria fez-se chama.
Uma centelha
do meio da roda  –  
sem juízo e sem jeito –
chamou-me na orelha
(“Anda, aproveita o acaso!”)
e me queimou o peito.
Tamanho o espanto
que a retina escureceu,
a cabeça (zonza) rebateu:
– Logo eu,
aqui na quina,
pra centelha acertar na telha?!
Retomando a visão sua feição
suavemente
tomou forma e eu tomei
do seu cheiro de alecrim.
As palavras da centelha ecoavam na cabeça (zonza):
“Anndaaa, aproveeiiittaaa o acaaasooo!”;
mas o coração vidente
já ciente anunciava:
– Acaso foi tudo que
não aconteceu no nosso caso.


Fernanda Tinoco Ramos


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