"o tempo
entre o sopro
e o apagar da vela"
Paulo Leminski
Ciranda da
centelha
Instalação "devoção devoluta" + fósforos - Leonardo Etero |
Bem me
lembro...
Era noite de
ciranda
o povo
dançava
e no calor de
dezembro
a alegria
fez-se chama.
Uma centelha
do meio da
roda –
sem juízo e
sem jeito –
chamou-me na
orelha
(“Anda,
aproveita o acaso!”)
e me queimou o
peito.
Tamanho o
espanto
que a retina escureceu,
a cabeça (zonza)
rebateu:
– Logo eu,
aqui na quina,
pra centelha
acertar na telha?!
Retomando a
visão sua feição
suavemente
tomou forma e
eu tomei
do seu cheiro
de alecrim.
As palavras
da centelha ecoavam na cabeça (zonza):
“Anndaaa, aproveeiiittaaa
o acaaasooo!”;
mas o coração
vidente
já ciente
anunciava:
– Acaso foi
tudo que
não aconteceu no nosso caso.
Fernanda Tinoco Ramos
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